Gil Vicente

Ficha  de trabalho sobre a peça Auto da Barca do Inferno



Ficha de trabalho sobre a cena dos quatro Cavaleiros da peça Auto da Barca do Inferno


Análise da cena dos quatro Cavaleiros

Ficha de trabalho sobre a cena do Enforcado da peça Auto da Barca do Inferno

Análise da cena do Enforcado

Ficha de trabalho sobre a cena do Corregedor e Procurador da peça Auto da Barca do Inferno
Análise da cena do Corregedor e Procurador

Ficha de trabalho sobre a cena do Judeu da peça Auto da Barca do Inferno
Análise da cena do Judeu

Ficha de trabalho sobre a cena da Alcoviteira da peça Auto da Barca do Inferno
Análise da cena do Alcoviteira

Ficha de trabalho sobre a cena do Frade da peça Auto da Barca do Inferno

Análise da cena do Frade

Ficha de trabalho sobre a cena do Sapateiro da peça Auto da Barca do Inferno
Análise da cena do Sapateiro

Ficha de trabalho sobre a cena do Parvo da peça Auto da Barca do Inferno
Análise da cena do Parvo

Ficha de trabalho sobre a cena do Onzeneiro da peça Auto da Barca do Inferno
Análise da cena do Onzeneiro

Ficha de trabalho sobre a cena do Fidalgo da peça Auto da Barca do Inferno


 Ficha de trabalho sobre a cena do Fidalgo







Análise da cena do Fidalgo










Personagem-tipo 


É uma personagem cujo comportamento está em coerência com as qualidades e os defeitos da classe, da profissão ou do grupo social a que pertence. Apresenta-se em placo acompanhado de símbolos cénicos que imediatamente a identificam. A linguagem (registos / níveis de linguagem) utilizada por esta personagem é também um sinal distintivo da sua situação social.




Ficha de trabalho da parte introdutória da peça Auto da Barca do Inferno


 Ficha de trabalho sobre a cena introdutória



Análise da parte introdutória da peça Auto da Barca do Inferno




Resumo da peça Auto da Barca do Inferno


 Num braço de mar, onde estão ancoradas duas barcas, chegam as almas de representantes de várias classes sociais e profissionais. Uma das barcas dirige-se ao Inferno; a outra, ao Paraíso. A primeira será tripulada pelo Diabo e seu Companheiro; a outra, por um Anjo.
O Diabo tem pressa de partir e procura apressar seu Companheiro. Nos preparativos para a viagem, convoca os passageiros e dá ordens ao ajudante, demonstra conhecimento sobre o equipamento do navio e apresenta desenvoltura na linguagem insinuante e irónica. É um magnífico dissimulado, nem parece que vai levar as almas para as terras da danação! Mostra-se entusiasmado, feliz e é com muita cortesia que recebe os seus passageiros, com excepção do Judeu, como se verá.
Eis que chega a primeira alma para a viagem. É Dom Henrique, o Fidalgo, acompanhado por um criado que transporta uma cadeira e carrega um manto para o seu Senhor. Como acontecerá com outros personagens, argumenta contra sua ida para o Inferno, considera que a barca não é digna de sua nobre pessoa. O Diabo procura ironizar os diversos argumentos apresentados pelo Fidalgo, dizendo que uma vida cheia de prazeres e pecados só podia resultar em punição.
O Fidalgo dirige-se, então, à barca do Anjo. Afinal, quem quer ir para o Inferno?Alega direito de embarcar por pertencer a uma boa linhagem. Boa linhagem, mas muito tirano e vaidoso, o tal Fidalgo. O seu esforço foi em vão e, retornando à barca do Inferno, quer demonstrar força moral ao reconhecer que vivera erradamente.
Numa última tentativa, o Fidalgo tenta ser sagaz e implora ao Diabo que o deixe voltar à vida, para despedir-se da amante que se queria matar por sua causa. O Diabo, divertindo-se em ser maldoso, ironiza as crenças do Fidalgo nas juras da moça, que já estaria com outro quando o nobre dava seus últimos suspiros.
Chega o Onzeneiro, carregado, é claro, com o seu bolsão de dinheiro. Recusa-se a embarcar quando toma conhecimento do destino da barca do Diabo. O Diabo, sarcástico, faz-se de espantado com o facto do dinheiro do Onzeneiro não ter servido para salvá-lo da morte. O agiota ainda reclama que não pudera trazer nenhum centavo, nem mesmo para pagar a viagem. Procura então a barca do Anjo, pedindo-lhe que o deixe entrar, pois queria mesmo era o Paraíso. O seu pedido é recusado quando o Anjo vê o seu bolsão e afirma que estaria tão cheio de dinheiro que tomaria todo o espaço do navio. O Onzeneiro contra-argumenta, declarando que não tem dinheiro, mas o Anjo afirma que ele pode não ter nada nos bolsos, mas no seu coração ainda subsiste a ideia de lucro. O Onzeneiro, desconsolado, entra na barca infernal, cumprimentando com respeito o Fidalgo, que lá já estava, aguardando a triste partida.

Joane, novo personagem, caracterizado como o Parvo, é quem chega a seguir. Conversa com o Diabo e começa a praguejá-lo quando descobre o destino de sua barca. Entra em território do Anjo porque - assim lhe haviam dito - o reino do Céu seria dos pobres. Para o Anjo, os actos do bobo eram fruto da sua condição, sendo provas de sua inocência e não de sua maldade. Irá ao Paraíso, portanto, o Parvo, passageiro único do barco que vai à Glória! Mas antes de entrar, mantém-se ao lado do Anjo, para ajudar na avaliação dos próximos passageiros.
Chega ao barco do Inferno um Sapateiro com suas ferramentas de ofício. Aparentemente, um bom trabalhador. Quando é convidado pelo Diabo a entrar, recusa, com o argumento de que morrera comungado e confessado. Que bom cristão parece ser! Mas o Diabo responde-lhe que foi excomungado por omissão de seus pecados, pois roubava seus fregueses ao cobrar seus serviços prestados. O Sapateiro, não contente, dirige-se à barca do Anjo, mas é barrado com a explicação de que o lugar de quem rouba na praça é no barco que vai ao Demo. De nada adiantava ter ido à missa se, ao mesmo tempo, havia roubado, cobrando preços exagerados. Assim, o Sapateiro dirige-se à outra barca, aceitando seu destino.
Chega então um Frade, trazendo uma moça pela mão. Esta moça era sua amante - Florença. Com ela, traz um broquel, uma espada e um capacete, representando sua paixão pela esgrima. Ao chegar, canta e dança. É muito folião esse Frade! Ao ser repreendido pelo Diabo, responde: "Deo gratias! Sou cortesão". Dessa forma, aproveita-se da sua posição, desmascarando a falsidade da figura religiosa da época. Conciliar prazeres e penitências resultou em hipocrisia, defeito grave. O Anjo não poderia perdoá-lo.
O Frade tenta convencer o Diabo de sua inocência, ensinando-lhe a arte da esgrima, mas o seu esforço foi em vão. Não contente, busca a barca do Anjo, para tentar defender seus direitos enquanto representante da Santa Madre Igreja, mas nada consegue, nem sequer uma resposta do Anjo. Volta à barca do Diabo, ridicularizado pelo Parvo, que lhe pergunta se furtara o «trichão».
Chega uma alcoviteira, Brísida Vaz, que se recusa a entrar na barca. Representa a mais terrível das almas penadas, pois passara a vida seduzindo meninas para os padres. O Diabo sente-se lisonjeado com o receio da nova passageira e pergunta o que ela traz para o embarque. Brísida responde que carregava seiscentos hímenes postiços e três arcas de feitiços, além de produtos de furtos e até uma casa movediça; o seu maior tesouro era as moças que vendia.
A Alcoviteira dirige-se à barca do Anjo, que nem quer ouvi-la, alegando que é uma pessoa inoportuna. Brísida, então, volta à barca do Diabo, pedindo-lhe a prancha e embarcando nela.
Depois da Alcoviteira, chega o Judeu com um bode às costas. O Diabo nega-se a embarcar o animal, mas o Judeu tenta suborná-lo com alguns tostões. Sem muita discussão, o Judeu é rebocado pela barca do Diabo.
Chega, então, a vez do Corregedor. Carregado de processos, aproxima-se da barca do Inferno. Recusa-se a rumar para destino tão cruel, tentando defender-se, mas é desmascarado pelo Diabo, que expõe o recebimento de subornos através de sua mulher. Para se defender, o Corregedor culpa sua própria esposa, mas o esforço foi em vão.
Enquanto o Corregedor conversa com o Diabo, chega um Procurador cheio de livros. Ambos se recusam a entrar no barco do Diabo, chamando pelo Anjo e dirigindo-se até ele. O Anjo roga praga aos documentos jurídicos que carregam e manda-os de volta.
Dentro do barco do Inferno, o Corregedor reconhece Brísida e começam a conversar. Nesse momento, percebe-se a corrupção pelas vias legais, o uso das instituições para privilégios pessoais.
Nova alma vai-se aproximando: o Enforcado, que se julga merecedor do perdão por ter tido uma morte cruel. É o próximo personagem a entrar na barca do Diabo, que não se comove com o sofrimento de um homem que tantos furtos cometera em vida. O Enforcado simboliza o ladrão que rouba sem vantagens, sendo manipulado por outros de posições mais privilegiadas.
Dirigem-se agora à barca do céu os Quatro Cavaleiros, empunhando a cruz de Cristo.Lutaram pela expansão da Fé Católica e ganham a vida eterna como recompensa, por terem sido mortos pelos mouros. Prosseguiram na barca do Anjo, cantando e sentindo-se aliviados por terem cumprido corretamente as suas missões.

Vida e obra de Gil Vicente