Adjuvante - Personagem secundária que impede o /a protagonista a alcançar os seus objetivos.
Alegoria - Representação de uma realidade abstrata através de uma realidade concreta por meio de comparações, metáforas ou analogias. Materialização de uma ideia abstrata.
Exemplo: representação da ideia do bem através da personagem do Anjo.
Auto - Termo que no século XVI se aplicava a peças de teatro ao gosto tradicional, caracterizando-se pela simplicidade e carácter popular. Os autos eram composições dramáticas em versos sujo assuntos podiam ser religiosos ou profanos, sérios ou cómicos.Os autos, ao mesmo tempo que divertiam, moralizavam pela sátira de costumes e transmitiam de modo claro e acessível as verdades da fé.
Auto da moralidade - Auto de fundo religiosos e moral destinado a transmitir aos espectadores lições sobre o bem e o mal.
Caronte - Na mitologia grega, Caronte é o barqueiro do Hades, que carrega as almas dos recém-mortos sobre as águas do rio Estige e Aqueronte, que dividiam o mundo dos vivos do mundo dos mortos. Uma moeda para pagá-lo pelo trajeto, geralmente um óbolo ou dânaca, era por vezes colocado dentro ou sobre a boca dos cadáveres, de acordo com a tradição funerária da Grécia Antiga. Segundo alguns autores, aqueles que não tinham condições de pagar a quantia, ou aqueles cujos corpos não haviam sido enterrados, tinham de vagar pelas margens por cem anos.
Farsa - Representações de defeitos e acontecimentos cómicos da vida, normalmente de intenção satírica , destinadas a preencher os intervalos dos mistérios.
Milagres - Apresentavam situações dramáticas da vida dos santos, ou em que estes ou a virgem intervinham miraculosamente.
Mistérios - No Natal e na Páscoa, dramatização de cenas da vida de Cristo com centenas de figurantes.
Momos e entremeses - Pantominas alegóricas espectaculares com escasso diálogo em verso, mas baseada na mímica do que na palavra, e com vistosos desfiles de personagens simbólicas ou em que os homens se disfarçavam de animais.
Moralidades - Representações nas quais as personagens eram alegóricas, isto é, abstrações personificadas de vícios e virtudes ( bondade, avareza...).
Morte (no Auto da Barca do Inferno) - A morte é representada, nesta obra como uma viagem alegórica.
A noção de morte como viagem alegórica tem tradições diversas. Por exemplo, o Egito Antigo, acreditava-se que , após a morte, as almas eram conduzidas de barco, atravessando o Nilo, para ase apresentar perante o tribunal de Osíris (Deus do bem e da vida eterna). Aí eram julgadas e recebiam o prémio ou o castigo eternos.
Oponente - Personagem secundária que impede o /a protagonista a alcançar os seus objetivos.
Percurso cénico - Movimento cénico (marcação, percurso) que as personagens executam desde a sua entrada até à saída de cena.
Personagem alegórica - Personagens não reais (que não representam homens ou mulheres) representam vícios ou virtudes personificadas.
Exemplo: No Auto da Barca do Inferno, o Anjo representa o bem e o Diabo , o Mal.
Personagem tipo - São personagens que não se representam a si mesmas como indivíduos, mas que representam o grupo social de que fazem parte. Não têm traços de psicologia individual própria e não evoluem psicologicamente, ou seja, não modificam o seu comportamento nem demonstram arrependimento, quando confrontadas com os seus erros ( na peça do Auto da Barca do Inferno, apenas o Fidalgo e o Onzeneiro mostram alguns sinais de arrependimento pelos pecados cometidos em vida.). As personagens tipo simbolizam os vícios e as virtudes da classe social a que pertencem.
Em Gil Vicente as personagens são, geralmente, personagens-tipo.Assim, no Auto da Barca do Inferno, o Frade representa a generalidade dos frades da época (Clero), o Fidalgo e o Procurador também representam a classe ou o grupo social do que fazem parte e que são, por isso, personagens tipo.
Processos de cómico - A obra de Gil Vicente pretende transmitir uma crítica a toda à sociedade do seu tempo a partir de duas vertentes a didática e a lúdica, materializando a sentença latina "Ridendo castigat mores" ( a rir se corrigem os costumes). O autor recorreu, para isso, ao cómico para fazer rir e criticar o tempo, encontrando-se no Auto da Barca do Inferno os seguintes tipos de cómico:
Cómico de carácter - a personalidade, a apresentação e comportamento da personagem provocam o riso. (A personagem não age de acordo com a sua realidade, condição física, social, etc.)
Exemplo: Uma jovem de 12 ou 13 anos calçando sapatos altos, saia travada, muito pintada, falando e comportando-se como uma senhora adulta.
Cómico de situação - Resulta da não adaptação da personagem à situação em que se encontra ou seja: o que a personagem faz provoca o riso.
Exemplo: O professor entra na aula e, não reparando que a cadeira está virada ao contrário, senta-se e cai.
Cómico de linguagem - Recurso a vários tipos de linguagem e de recursos estilísticos para provocar o riso.
Exemplo: jogos de palavras, latim macarrónico, uso de calão, uso de pragas, rezas e provérbios, uso de ironia, etc..
Sermões burlescos - Representações breves constituídas por monólogos recitados por atores ou jograis mascarados com vestes sacerdotais.
Sotties - Espécie de farsas de carácter geralmente político, cujos protagonistas eram "parvos", " bobos", o que permitia a livre crítica.